sábado, 29 de janeiro de 2011

(Devaneio): Um bom dia para morrer ou ter coragem

A primeira palavra que surge é quinta. Estranho dizer isso, mas a idéia é feliz, melhor que quarta, que terça, ou segunda. Tudo é melhor que segunda, exceto não ter uma segunda, morrer em um domingo.
Pensando melhor, é melhor morrer em uma sexta, morrer feliz, morrer sabedor do dever cumprido. Nada restando a fazer. Mas, por outro lado, morrer quando iremos gozar os benefícios de uma semana de luta, porque seria bom isso? A ilusão. A ilusão nos torna feliz, muito mais que a realidade, que nos oprime.
Mas, talvez seja melhor morrer no domingo, à noite, de preferência, pois aí teríamos todo um ciclo, ao concluir a tarefa da semana, gozado o fim-de-semana e iríamos, enfim, ao repouso do guerreiro. Ao momento de descanso, á espera de outros conflitos e contendas, outros prazeres e tarefas, quem sabe?
Então, a segunda já não seria tão ruim, mesmo pela sua não-existência, mesmo por sua essência iniciadora de desafios. Assim, ainda melhor que uma sexta, seja uma não-segunda, quem sabe?
E essa “quinta” foi a primeira palavra que veio à mente quando aqui me sentei, no momento de preencher a data, 27/01/2011, quinta-feira. Acho tão “não-romântico” essa nossa forma de nominar os dias. Muito mais interessante são os dias nominados por deuses, como no inglês e espanhol. Que deus, nós escolheríamos? Em inglês Thursday, em honra a Thor, deus do trovão. Em espanhol, Jueves, em honra a Júpiter. Nosso português, tão influenciado pelo catolicismo, ficou quinta-feira, para não honrar a nenhum deus pagão. Iria deixar sem explicar isso, afinal não sou copiador de Wikipédia. Mas, e o medo de passar por ignorante!?
A primeira palavra? Do que? De quando? Para quem? Por quê?
A minha primeira palavra, quando sentei nessa cadeira. Já falei isso, não? Dita hoje, porque é quinta-feira, como já falei também! Ou deveria ter só pensado, só para mim mesmo? Afinal, só a mim interessa isso. É um princípio, ou um novo principiar, ou despertar, como sempre! Afinal, precisa haver um começo para termos um final.
É a primeira palavra. Sobre um quinto dia! Insípido, sem personalidade, sem o bafo da segunda, que tem o opróbrio de iniciar a semana, começar o fastio dos dias, a se empilharem. Sem o resplendor da sexta, a prometer delícias, como se houvesse como cumpri-las, somente por estar na cômoda posição de último dia de trabalho.
É quinta, mas é a primeira palavra, é o primeiro pensamento. E não é triste, embora longe de ser alegre. Porém, terei mais um dia, mais uma chance, a quinta dada nessa semana. É quinta, é única nessa semana. Depois de hoje eu não terei mais. Então precisa ser hoje, preciso fazer nessa quinta. Não há como esperar a próxima, que é uma incógnita.
“Boa tarde, qual o seu nome?”

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