quinta-feira, 28 de julho de 2011

(Texto): Enchentes em Seul

Estive vendo algumas cenas das enchentes causadas por intensas chuvas em Seul, Coreia do Sul.

À parte a tragédia, lamentando pela morte de, pelo menos, 32 pessoas, fico pensando sobre a magnitude do evento, só para comparar com o ocorrido na região Serrana do Rio no inicio de 2011 onde, no pior momento de chuva, choveu entre 249 e 297 mm em um dia (segundo link http://oglobo.globo.com/rio/mat/2011/01/19/inea-quantidade-de-chuva-que-atingiu-regiao-serrana-tem-probabilidade-de-acontecer-cada-350-anos-923567574.asp ). Porém, em Seul estima-se que tenha chovido 400 mm em pouco mais de um dia (vide http://ultimosegundo.ig.com.br/mundo/deslizamentos+de+terra+deixam+32+mortos+na+coreia+do+sul/n1597102554818.html ).

A grande diferença é que, no Rio de Janeiro (leia-se, Brasil), houve mais de 800 mortes.

Nota-se então uma diferença  abissal no nosso preparo, pois coisas assim, infelizmente, são inevitáveis, resta-nos somente minimizar os efeitos em vidas humanas.

Porém, outras coisas eu observei no vídeo disponibilizado pelo site tvig (http://tvig.ig.com.br/noticias/mundo/video+mostra+enchente+invadindo+ruas+de+gwanak+gu++em+seul-8a49800e3167a0f301316d8eb61e011f.html ). É a filmagem de um cinegrafista amador, das ruas de um bairro de Seul, onde um córrego transbordou. Algo que vemos a qualquer chuva mais forte em São Paulo, por exemplo.

Mas, observo algumas pequenas diferenças que também entram naquilo que disse sobre a minimização dos efeitos. Primeiro não vejo sacos de lixo boiando na enxurrada. Segundo, observem que os semáforos da rua estão funcionando perfeitamente. Muito diferente dos semáforos de São Paulo que param de funcionar assim que começa a trovejar.

Ah! Se pudéssemos contratar os administradores municipais de Seul para administrar nossas combalidas e corruptas cidades.

quinta-feira, 7 de julho de 2011

(Mini-Ensaio): Novamente a China

Vendo todas as reportagens sobre a China, penso sobre sua aplicabilidade no Brasil (vide link de reportagens do IG sobre a preparação da China para se tornar a primeira a primeira potência mundial: http://economia.ig.com.br/expedicoes/china/china+se+prepara+para+ser+maior+potencia+do+mundo+em+dez+anos/n1597018810542.html)


Lógico que não desejo, em hipótese nenhuma, adotar o modo de vida chinês. Isso não funciona em nossa mentalidade ocidental. Regra geral os orientais se atraem muito pela sistematização, pela formatação, pelo enlatado. Ou seja, as coisas têm de ser excessivamente rígidas, pré-formatadas e muito, mas muito hierarquizadas na mentalidade oriental. Um regime desses funciona muito, diria até muitíssimo bem para reprodução e cópia. Não tem como competir com fábricas que reproduzem e copiam coisas no oriente, e na China especificamente. Eles trabalham loucamente e exigem muito pouco por isso, desde que percebam que há um comando consistente e duradouro.

Mas, se for para criar coisas novas e/ou inovar a partir de uma premissa ou de uma necessidade em mente, essa mentalidade oriental não funciona de forma nenhuma. Por isso que, se os cientistas e estudiosos do oriente querem abrir suas mentes à inovação, eles precisam sair de suas culturas e vir estudar ou observar o ocidente. Não é só questão de equipamentos, mas a cultura oriental, com raríssimas exceções, é falha quando a questão é a criatividade e a inovação, que induz quase sempre a quebra de paradigmas e autoridades consolidadas. Assim, não desejo de forma algum implantar um regime de produção chinês no Brasil.

O que nós precisamos no Brasil, para melhorarmos nossa competitividade, é  resolver a questão da corrupção e toda a ineficiência que ela traz, todo o atraso gerado por ela.

Todas as esferas públicas e boa parte da privada estão tomadas pela corrupção. O brasileiro não sabe mais pensar ou viver seu dia-a-dia sem uma pequena dose de corrupção ou transgressão consentida de normas. É estacionando em fila dupla ou na calçada, é furando uma fila, é pagando uma propina para ter um documento mais rápido, etc., etc. O brasileiro não consegue mais encarar a vida sem essas coisas. E isso se reflete, elevada à enésima potência, nos grandes bastidores de decisões nacionais, seja em gabinetes públicos, seja nos escritórios de planejamento privado.

Na verdade é essa corrupção que atravanca nosso desenvolvimento. E a conivência da sociedade, amparada por nosso sistema legal/processual/penal feitos sob medida para isso (sempre haverá um habeas corpus, uma liminar, um sigilo invocado ou uma imunidade liberando um corrupto da cadeia), torna a mudança dessa situação quase impossível em médio prazo.

terça-feira, 5 de julho de 2011

(Mini-Ensaio): Sobre vingança e justiça

Qual então a diferença entre justiça e vingança?

Para mim, ambos estão intimamente ligados, e nunca haverá a implementação do primeiro sem o desejo do segundo.

De fato, a justiça é algo que está enraizado na mente das pessoas participantes de uma dada sociedade. Assim, o conceito de justiça depende da sociedade que a gerou. É uma forma de respeitar o direito de terceiros, conforme a sociedade  o estipula. Assim, quando alguém obtem o atendimento a esse direito, diz-se que foi feito "justiça".

O principio básico é a igualdade, principalmente de condições e oportunidades. É isso que se deseja implementar quando se roga por justiça. Ou seja, se alguém entrou em uma sociedade e aceita viver sob seus auspícios, deve saber que lhe será exigido e garantido os preceitos de justiça daquela sociedade, iguais para todos que aquela sociedade considera iguais.

A vingança é um sentimento pessoal, por vezes mais destrutivo que construtivo. Deseja-se que o opressor sinta o que se sentiu, mas normalmente deseja-se que sinta muito mais. É algo que pode se tornar desmedido. Pode-se desejar matar alguém só porque foi fechado no trânsito.

Mas, o desejo de vingança é inerente a nossa condição humana. Veio com nosso pacote de inteligência e consciência. Ou seja, não é possível ser vingativo apenas por ser inteligente, é necessário também ser consciente, o que é, na verdade, aquilo que nos diferencia de outros seres vivos nesse planeta, até onde se saiba.

Ao sabermos da capacidade de cada um em julgar o que se devia ou não fazer, e observando-se que nosso opressor não cumpriu com esse mandamento, dependendo do grau de aceitação de erro de cada um, surge em nós o desejo de vingança contra aquele opressor.

Mas, da fusão desse primitivo, embora inteligente e consciente, desejo de vingança, com o advento e necessidade da vida em comunidade, surgiu a justiça. Ou seja, a justiça nasce do desejo de vingança pessoal, que deveria ser regrado.

De fato, se não fosse assim, nós estaríamos fadados a extinção, com intermináveis vendetas, e não teríamos chegado aonde chegamos. Mas, é justamente por causa disso que até hoje ainda padecemos do risco de autoextinção.

Um dos maiores exemplos de emprego de justiça como regulação da vingança, foi quando Salomão declarou que iria cortar uma criança em duas partes, a fim de acabar com a pendenga entre duas mulheres, sendo que uma delas aceitou tranquilamente, como uma forma de vingança contra a outra, por sua condição de estéril. Mesmo sendo essa a oprimida (era estéril), a justiça estava com a outra, a opressora (por ser fértil), pois lhe pertencia a criança.

Creio que nosso sistema penal nunca poderá ser simplório a ponto de querer acabar com essa realidade. Nunca. As penas devem saciar o desejo particular de vingança que todos tem. A questão é determinar quem, na verdade, é o opressor e o opromido e regular essa forma de opressão, se legítima ou digna, ou se ilegítima ou impia.

Para mim, quando a justiça não atende a contento a tal necessidade de vingança, que pode flutuar com o tempo e as circunstâncias, é que surgem os justiceiros, os cangaceiros e as milícias, que suprem esse desejo impossível de se desfazer, mas de forma desmedida e sem controle.

sexta-feira, 1 de julho de 2011

(Texto): O fenômeno de Cocal Alves-PI

Fiquei realmente emocionado com a reportagem que descreve o fenômeno educacional de Cocal Alves no Piauí.

O principal motivo de minha emoção é que esse fenômeno foi causado pelas pessoas. Isso me deixou alegre e esperançoso quanto ao Brasil em geral e o Nordeste em específico.

Aqui não se está falando de estruturas e incentivos e oportunidades e aparelhos. Fala-se do empenho de uma gente que nada tem, pouco recebe e quase nada lhes é prometido, mas guardam dentro de si uma vontade imensa de fazer diferença por si só, de dizer que é possível e de mostrar que o desejo e o empenho são as maiores forças motrizes das mudanças.

Para muitos que nascem e crescem em famílias classe A ou B em grandes centros como São Paulo e Rio de Janeiro, o ocorrido nessa cidade não é digno de tanta citação. Alguns podem até dizer: "grande coisa, ganhar um concurso de soletração" ou "ganhar um prêmio de química no Piauí! Me poupe!"

O preconceito os impede de ver a dificuldade disso e a sua beleza. Para esses, nada que não saia das melhores cadeiras acadêmicas do sudeste deve ser digno de nota.

Tudo bem!

Para mim, que advenho da miséria e de condição muito semelhante aos amigos do Piauí e que provenho de estado tão pobre quanto ele, sei o que é isso e quero dar a devida repercussão a essa matéria.

Segue o link:
http://ultimosegundo.ig.com.br/educacao/em+cocal+dos+alves+nada+e+mais+importante+que+competicoes+educacionais/n1597057185707.html