quinta-feira, 30 de junho de 2011

(Mini-Crônica): Mulher Perdigueira, de Carpinejar

 E lendo “Mulher Perdigueira” de Fabrício Carpinejar (Editora Bertrand Brasil, 2010) eu começo este bate papo. Sim, esse é um livro de crônicas (verdadeiramente com “s”). Sensacional. 


Pena, que somente tive a ideia de "descreve-lo" quando já havia começado a ler o livro, por isso não retornei aos primeiros textos. De cara peguei o “Falo sério”. Porque? 

Por que penso, mais ou menos, na linha do conto também! Ou seja, para ser amigo precisar participar. Mas, não é da pura e simplória solidariedade que falo. Quero dizer que meu amigo precisa ter podres para contar. 

É lógico, como diz o Fabrício, que o perfeito não é confiável. Sacada perfeita. E nem quero saber se é original dele. Só me lamento que eu não tenha falado ou pensado nisso antes.


A definição de traição masculina! Porra. Achei pra lá de hilário. Mas, nem me perguntem mais, pois depois de 5 minutos do ocorrido, eu esqueço 80% do que li, sendo que os outros 20% vão se apagando paulatinamente pelo transcorrer de minha vida.



E tem a coisa do pessimista, ainda em Carpinejar. Eu acrescentaria uma outra maluquice a esse respeito. A de que o pessimista é o construtor de nossa sociedade. Acredito que exista o otimista positivo (aquele para o qual a coisa vai melhorar, mas, graças a seu instinto conservador, ele acha que, se ficar como está, está bom) e o otimista negativo (aquele conformado. A situação, observada por quem está de fora, não é e não está boa, mas para ele é assim mesmo, e assim continuará sendo).


Existe também o pessimista positivo e o negativo. O positivo é o melhor tipo de pessoa e o agente transformador de nossa sociedade. Ele não aceita a forma como as coisas são apresentadas e/ou estão vigorando. Não condiz com o seu jeito de encarar a vida, os relacionamentos e tudo o mais. Tem a certeza de que a felicidade só pode existir em uma outra realidade e crê ser possível a existência dessa realidade em seu prazo de vida. Assim, ele induz ou influencia essa mudança. O pessimista negativo, junto ao otimista negativo, são as forças mais destrutivas. A depender deles os seres humanos nunca teriam descido das árvores, ou talvez nem tivéssemos subido nelas.


Pulo para a crônica “Em todo lugar” (O livro de Carpinejar é uma fonte para divagações). Muito engraçada, mas adorei a expressão “sou um adolescente espremendo espinhas perante suas decisões”. Quantas vezes não me senti assim? Talvez, não pelo mesmo motivo do Carpinejar, mas como reflexo de algo semelhante, ou seja, sentir-se tão rebaixado perante a aparente sabedoria de alguém. Ele, a pessoa que ostenta, é um sabe-tudo e contextualiza a sua sapiência, dá fatos e exemplos e motivos e poréns e concordâncias e certezas que eu,..., coitado de mim! “To fora!”


Tenho de abster-me, tenho de centrar minha atenção em algo pueril, mais adequado às minhas posses intelectuais.


Teria muito a comentar sobre esse livro, mas, nos momentos de insight, quando o estava lendo, o meu bloquinho estava longe, dentro dessa mochila estúpida que acabei de comprar. Até abri-la, tirar bloquinho e lápis, e sentar-me e parar para escrever... 


Deixei para lá. Sob pena de esquecer o que iria falar. E aqui estou, pagando a pena.
 

quarta-feira, 29 de junho de 2011

(Texto): Continuando o porquê do Lucro Brasil na venda de carros

Mesmo correndo o risco de chover no molhado e ser maçante, vou continuar repercutindo o trabalho do Joel Silveria Leite.

Agora tem a continuação a seu artigo de 27.06.2011 "Lucro Brasil faz o consumidor pagar o carro mais caro do mundo":


O link da continuidade é http://omundoemmovimento.blog.uol.com.br/arch2011-06-01_2011-06-30.html#2011_06-28_18_47_53-142809534-0

O resumo da ópera, que diz como nós brasileiros somos deslumbrados e aceitamos ser palhaços, não só de governo, mas também de empresários "espertos" é a declaração de um executivo da Mercedes Benz:

“O preço não tem nada a ver com o custo do produto. Quem define o preço é o mercado”, disse um executivo da Mercedes-Benz, para explicar porque o brasileiro paga R$ 265.00,00 por uma ML 350, que nos Estados Unidos custa o equivalente a R$ 75 mil.

OK man. That's correct! The game is even cruel!

Mas, a última frase dele resume tudo:

“Por que baixar o preço se o consumidor paga?”.

Essa é e sempre será a lógica do mercado, do ponto de vista capitalista: Otário paga, esperto fatura.

Como mudar isso?

terça-feira, 28 de junho de 2011

(Texto): Lucro Brasil e o motivo de nosso carros serem os mais caros do mundo

Recomendo o artigo "Lucro brasil faz o consumidor pagar o carro mais caro do mundo" do Joel Silveira Leite, no link http://omundoemmovimento.blog.uol.com.br/arch2011-06-01_2011-06-30.html.

É isso mesmo. Concordo em gênero, número e grau.

Já fiz comentários do tipo em tudo que é site especializado em veículos, em tudo que é anúncio de lançamento de carro.

Por exemplo, é um absurdo pagarmos R$ 70 mil por um Sentra que custa US$ 18 mil no EUA, que vem mais recheado de itens ainda.

No frigir dos ovos, o culpado  é o próprio consumidor nacional, que aceita isso. Que acha bonito pagar caro, sabendo que a explicação para esse preço é pura ganância das montadoras, descontando-se a já conhecida ganância de nosso governo.

Ora, nos EUA, o Sentra é quase um carro popular. Chegando no Brasil, a Nissan o "encaixa" como quase veículo de luxo, o consumidor engole essa e paga tranquilamento o preço de um carro de luxo. Porém o tal carrão deveria custar, no máximo, os US$ 18 mil (que já tem lucro + impostos + custos indiretos americanos) + o diferencial de impostos no Brasil (chutando 50%) + uma menor produtividade brasileira (chutando muito alto em 10%) = aproximadamente R$ 47 mil, ou seja, menos R$ 23 mil do que a Nissan cobra hoje (-33%).

E isso se repete na Honda, Toyota, Ford, GM, Peugeot, etc. etc.

quarta-feira, 22 de junho de 2011

(Mini-Crônica): Na alça de mira

Poderia ter se virado. Mas não, optou por ficar ali, sendo observada. "Na alça de mira", diria seu avô, sempre conturbado pela violência que dominava o lugar.

Mas o risco que corria não era de morte. Muito pelo contrário. Seu risco era de vida, era de liberdade. Para muitos uma benesse, para ela uma escuridão. Portanto, totalmente apavorante.

Então, não sabe porque, ao invés do costumeiro esconderijo, onde sempre procurava refúgio em seus momentos de ócio, optou por ficar ali, sendo vista por todos, como uma peça de carne, disponível, fresca ainda, no seu caso, totalmente fresca e intocada.

Não se sentia disponível. Apenas quis testar. Se existia. Se atraia olhares. Se poderia ser desejada, quem sabe? Apenas ter motivos para justificar seus próprios pensamentos. Coisas que apenas revelava a si própria, Coisas do tipo: "Eu não quero, prefiro ser sozinha."

Será que havia essa preferência? Ou não dependia dela. Muito pelo contrário.

O fato é que, no primeiro minuto que ajeitou-se naquele lugar, surgiu aquele sujeito, com uma bandeja na mão, perguntando se poderia dividir com ela a mesa, já que todos os lugares estavam ocupados. Gostaria de dizer que era alto, barba charmosamente por fazer, pele queimada de sol, olhos claros e sonhadores, e tudo o mais.

Mas, não. Era um sujeito nem baixo nem alto, nem loiro nem moreno, nem gordo nem magro, nem nada nem tudo. Era alguém que ela bem poderia tropeçar porque não o havia enxergado. Alguém que se confunde com a paisagem. Alguém que bem poderia estar ali há muito tempo, e ela não havia notado. Alguém que ela poderia ter conhecido no passado, no colégio, na faculdade, mas que não havia criado massa crítica em sua mente, para que fosse recriado em sua memória.

Pior que isso, ele obstruiria a visão que teriam dela, pois, atrás e ao lado do lugar que havia escolhido, somente havia paredes. Não sabia se teria coragem ou desejo de se expor assim de novo, mesmo que a 50%. Então respondeu: "Desculpe-me, estou esperando alguém."

"Então! Chegou esse alguém. Eu!"

Sua ousadia foi tão repentina. Sua cara de pau foi tão surpreendente. Havia uma pretensão de certeza, que confirmou suas esperanças, havia uma segurança de conseguir, que segurou seu olhar, havia um desejo de agradar, que deu causa a seu sorriso.

Ele havia chegado mesmo, era ele. Não havia mais ninguém. O seu manto de invisibilidade caiu.

Foi a partir daí que iniciou sua vida. Mas, não se lembra mais seu nome.

quinta-feira, 16 de junho de 2011

(Mini-Ensaio): Sobre a abstinência de sexo

Hoje eu li um artigo, publicado no IG (Delas - Comportamento), a respeito de um grupo de pessoas que pregam a abstinência de sexo. Alguns deles falam da abstinência até o casamento, mais por motivos religiosos.

Mas, outros chegam ao absurdo de pregar a abstinência para todo o sempre e amém, por motivos ... !!

Sei lá, deve haver um motivo! Embora a natureza prove o contrário.

O link para a matéria é: http://delas.ig.com.br/comportamento/eles+decidiram+viver+sem+sexo/n1597030720647.html

A esse respeito, enviei o meu comentário, que reproduzo abaixo:

"Respeito a opinião do casal que optou por viver sem sexo. Tudo bem, serviu bem para eles. Mas, não encaro tal decisão de forma tão natural, por mais que uma filosofia e/ou uma religião fale em contrário. Antes penso ser algo totalmente fora da ordem natural das coisas.


Senão, vejamos. Não somos seres vivos? E o que é a vida? Grosso modo, a vida é uma faculdade química de iniciar um processo de crescimento ou manutenção de sua condição através do fornecimento de novos insumos (alimentação + respiração) e, principalmente, da capacidade de reprodução de si próprio (por isso muitos acham que os vírus não são seres vivos, pois não tem capacidade de se reproduzir por si próprio e não necessitam de alimentação).

Ou seja, nos consideramos vivos, principalmente, porque podemos nos reproduzir, ao menos em teoria.

Isso, sem nenhum apelo religioso, nada mais é do que a máxima bíblica, aquela da ordem natural que Deus nos deu, lembram-se? "Crescei e multiplicai-vos". Isso é a vida! Ou seja, nem precisa da ciência para explicar, é algo que a humanidade sabe há milênios.

Então, como nossa espécie adota há centenas de milhares de anos a reprodução sexuada, nada mais anatural do que abolir o sexo, mesmo que saiba e concorde que, há muitíssimo tempo, ou desde sempre, quase ninguém faz sexo somente para reprodução.

Olha que não estou aqui pregando o sexo somente para reprodução. Não é essa a idéia de nosso corpo.

Nosso corpo nos prepara, desde a adolescência, para os prazeres do sexo. Senão não haveria o orgasmo, não haveria a libido, a pulsação acelerada e toda a imensa parafernália hormonal que nos leva a querer e desejar o sexo.

E boa parte dos processos químicos de nosso corpo engendram isso. Para que os hormônios femininos esculpem um corpo jovem, que é basicamente a forma que abre a libido masculina? Porque acrescer gordura às coxas, aos quadris e aos seios? Porque o corpo humano gasta tanta energia para preparar o útero feminino, preparar os testículos masculinos, porque temos um dispêndio imenso de energia com tanta preparação? Para reprodução sim, mas essa exige o sexo, e é isso que diretamente o nosso corpo deseja.

Então, qual a explicação lógica para jogar fora isso tudo? Por mais que um determinado guru oriental diga que desviamos energia vital nesse processo, ou outro pensamento estapafúrdio!

É lógico que desviamos. Faz parte do negócio. É para isso que fomos feitos. É essa a instrução natural que todo ser vivo ganhou ao se tornar vivo, ou seja: "Crescei e multiplicai-vos". E não estou aqui dizendo nada do ponto de vista religioso. Longe disso.

E se, de repente, toda humanidade achar viável uma atitude dessa, estaremos condenados à extinção? Ou passaremos a nos reproduzir somente in vitro? E aí? A demonstração de amor e apego natural e vínculo material entre casais e entre pais e filhos, que faz parte da pregação de quem advoga tal comportamento, poderia subsistir, em longo prazo, em uma sociedade onde todos foram gerados em laboratório? E o vínculo, a empatia, a cumplicidade carnal que somente o sexo proporciona. Será que a humanidade seria a mesma?

Tenho minhas dúvidas."

quinta-feira, 2 de junho de 2011

(Devaneio): Tem a tristeza

Tem a tristeza.

Que gruda e se espalha. E depois que chega demora a sair.

E por ficar por tanto tempo, passa a fazer parte. E por fazer parte se confunde consigo mesma. O alienígena vira cidadão, e passa a expulsar o que o atrapalha.

A esperança, ao contrário do ditado, é a primeira a sair. Não há espaço para esperança em um campo de tristeza. Pouco depois foge o desejo, depois a confiança.

Resta somente um vestígio de luz, resguardada por um sentimento profundo de dever, de fé, de necessidade.

E é a necessidade que a faz resistir. Não sua, mas dos que a cercam. Os outros sentem necessidade dela. Ela não. Ela não espera, não deseja, não confia, mas ainda ama.

É a essa luz que será dirigida seu olhar. E quem sabe dessa luz se recriem seus desejos e esperanças, se restaure a sua confiança!?

Mas, isso já está longe de seu raciocínio. Resta-lhe apenas manter sua jornada, cumprir seu objetivo, assim como o foi e assim como o será.