quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

(Devaneio): E o sol ainda vai amanhecer


Maluquice. Acabo de sair de um sonho. Ou pesadelo? Decerto que sim!

Estava, aparentemente após longa batalha, deixando-te partir para um outro alguém!

E era tão sólida e sem volta essa partida, pois assumia que o outro era infinitamente melhor que eu, reunia em si a beleza e a esperança que encantaria qualquer mulher, sei lá, diria um Gianecchini ou um Cruise qualquer!

Que mulher não se encantaria com tal possibilidade e não me largaria?

Mas, era sobre isso que eu divagava em desespero, no sonho; era sobre a derrocada da certeza que tinha que eu me derramava.

Pois, havia tal mulher! Você própria. E havia a minha certeza absoluta sobre isso.

E eu lhe dizia que, tão certo que o sol aparecerá pela manhã, eu tinha certeza que você nunca deixaria de me amar. 

Era algo irreal de acontecer, como se, em plena avenida Paulista, eu fosse surpreendido por um leão e, estático e sem reação, fosse pego e devorado.

Dizia-lhe que, mesmo que eu não soubesse ou meditasse a respeito, também eu não me via sem amar-te. Confessava que, às vezes, em tênues momentos, até pensava que não,  poderia imaginar-me com outro amor ou pensar que necessitasse de outra paixão, para, enfim, cair em mim mesmo quanto a tal absurdo. 

Sim, pois, nós dois, éramos como cúmplices de um crime. Carregávamos esse fato. Ambos os dois. Só nós sabíamos dessa história. Nossa história. Ela nos unia. Seria insano pensar que um de nós poderia denunciar o outro, se ambos iriam à fogueira.

Dizia-lhe isso, não para convencê-la a ficar, pois parecia que tal decisão já havia sido tomada de forma irremediável. Era um prato já comido. Qualquer retorno não traria de volta a integridade da situação anterior. Seria apenas, um vômito.

Mas, dizia-lhe para conscientizar-me da nova realidade. Para assegurar-me e conformar-me do fato que haveria de viver nesse novo e tenebroso mundo sem você. Principalmente para impor à minha razão e consciência a irrealidade das verdades absolutas, o caos em que estamos imersos, onde tudo pode acontecer, até você deixar de querer-me.

E acordei-me com esse terror.

E a vi ao meu lado. Você não notou as lágrimas em meus olhos e nem em meu travesseiro molhado, mas fiz questão de acordar-te levemente e perguntar-te se ainda me amava.

Talvez, em outra realidade paralela, um outro e desgraçado eu estivesse sofrendo com a realidade de meu sonho.

Mas, aqui e agora, teu "sim, pra sempre" trouxe-me à vida e à certeza de encontrar-me no chão, e, principalmente, a alegria de saber que, pelo menos para mim, por mais um dia, o sol ainda amanhecerá.