quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

(Devaneio): Versões de algo belo

Pessoal,

Vejam como algo que é originalmente belo, pode ficar feio se muito elaborado, mas pode ficar ainda mais belo, ao ganhar... simplicidade:





Então, só nos resta aplaudir e nos emocionar com as coisas simples, que afinal é o que torna nossa existência mais bela.

OK. Vou ali e já volto!

domingo, 25 de dezembro de 2011

(Mini-Crônica): Os Aparados, de Leticia Wierzchowski

Como já disse uma vez Milton Nascimento:


     Certas canções que ouço
     Cabem tão dentro de mim
     Que perguntar carece
     Como não fui eu que fiz?
     (...)
     (http://letras.terra.com.br/milton-nascimento/47411/)


A mesma coisa digo de certos livros. São tão parecidos com o que eu queria dizer que gostaria de ter escrito.


Dentre esses, gostaria de recomendar, principalmente para esse final de 2011, o livro "Os Aparados", de Letícia Wierzchowski (Record, 2009).  Como veem não é um livro novo, foi publicado em 2009, mas cai como uma luva em um período de final de ano.


A estória se passa em algum momento no futuro. O tempo é incerto, sabe-se apenas que estamos em um futuro e que não é muito distante, pois temos todos os cenários parecidos com o que existe hoje, portanto não se trata especificamente de uma ficção científica. O local da trama é o Rio Grande do Sul da autora, nas imediações de Porto Alegre e mais para dentro do interior gaúcho, nos Aparados da Serra.


Lá, um avô, ex-professor universitário, constrói um refúgio, um local auto-sustentável, que seria utilizado para sua fuga de um mundo em ruínas.


Mas, quem ele leva para se refugiar ali é sua neta, grávida de sete meses, também sozinha. Sua neta naquela condição é a garantia da transição. É a certeza de que ainda haverá mundo e vida após o caos que se instalou na natureza.


De fato, naquele momento tudo está em transição. As coisas antigas estão sendo destruídas novamente pela água. Parece que Deus resolveu transgredir sua própria promessa bíblica, dada após a destruição do Diluvio. 


Assim, até a divindade parece estar em transição.


E sua neta é a certeza de que ainda haverá esperança após tudo isso. Ela, o refúgio, a criança... Por isso ele luta tanto para entender e conviver com a neta, protegê-la é tudo que lhe resta. A moça parece não perceber o que a cerca, que o mundo que ela viu, nos seus parcos dezessete anos, não subsistirá e preocupa-se unicamente com seus dilemas sentimentais.


Ambos serão aparados. Ambos cederão um pouco de si, assim como a humanidade obrigatoriamente cederá , se deseja permanecer viva nesse planeta.

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

(Texto): Nem um pouco "novas" sobre Steve Jobs

Não há dúvidas que o Steve Jobs influenciou, e muito, o mundo, partindo de sua Apple e...

Não, não há nada mais. Steve Jobs não fazia nada mais do que lançar produtos da Apple e, com certeza, aporrinhar os engenheiros da empresa para que desenvolvessem novas alternativas.

Mas, fora isso, ele não fez nada mais. Aliás, como demonstra os comentários que li em algumas reportagens, o que ele desejava era justamente o oposto, ou seja, era não abrir, não divulgar e não falar nada mais que o necessário para o usuário saber usar suas engenhocas e era isso.

E fico a pensar como tantos divinizaram um ser humano tão monocórdico como esse. O cara só pensava e falava aquilo que fosse pertinente à Apple e seus produtos. Na verdade ele não criava propriamente dito. Ele era o showman, o apresentador e o marqueteiro. Logicamente deveria participar direta ou indiretamente na gestação dos produtos, dando parâmetros e cobrando resultados.

Mas, a Apple que ele criou tornou-se uma empresa totalmente refratária a opiniões ou a pesquisas ou a consultas seja de quem for. E é até hoje a mais fechadas das empresas da área tecnológica. Mesmo em um mundo cada vez mais "aldeia global". 

Um contrasenso. O mais sofisticado exemplo do "casa de ferreiro, espeto de pau".

A Apple, talvez seguindo diretrizes de um sisudo e furioso Jobs (segundo comentários colhidos de  "A Cabeça de Steve Jobs", de   Leander Kahney - Agir - 2008), não participa de redes sociais na internet, não participa de feiras de tecnologia pelo mundo afora, ninguém dá entrevista, ninguém comenta nada, todos morrem de medo de falar o que quer que seja. E acho que isso até não seria de estranhar, afinal nem um cabo ela compartilha com outras marcas.

Em meu post de 07/10/2011 (Texto: Pensamento Sobre a Apple) eu procurei instigar um pensamento sobre um dos porquês da Apple ser tão vitoriosa. Ora, simplesmente porque ela é e sempre foi a mais cara. Sempre produziu para a elite. E, para mim, a conclusão mais importante daquele post foi que, se dependessemos da Apple, nunca teria acontecido realmente a massificação da informática como ocorreu. Isso bastaria para mim para tirar essa aura mágica que paira sobre a cabeça de Jobs. 

Mas, eu não consigo separar os produtos das pessoas que os produzem ou, principalmente, que os criam e vendem e que mais ganham com sua venda. É muito importante sabermos como Jobs era egocêntrico. Sabermos que, diferente de todos os magnatas da tecnologia, ele nunca se preocupou e nunca quis se preocupar com nada que não gerasse receita para a Apple. Só isso.

Ninguém tem noticia de uma doação feita por ele, seja a escolas, a hospitais ou a fundações. Ao que se sabe, nem depois de descobrir ser portador de um câncer, ele decidiu contribuir com algum centro de pesquisa que cuidasse diretamente de seu tumor, o que por si só já seria algo egoísta, mas, talvez beneficiasse outras pessoas  com esse último ato.

Assim, penso eu, devemos pensar melhor antes de seguirmos desembestados  para a Maçã e incentivarmos tal atitude empresarial. Pelo contrário, mesmo que por muitos julgadas como atitudes demagógicas, as doações substanciais de Gates (Microsoft), Zuckerberg (Facebook), Brin (Google) e muitos outros, com certeza farão a diferença para muitos e é uma forma de agradecer ao público a fortuna que tais personagens amealharam.

Veja mais em:


segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

(Mini-Crônica): Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis



Bom, e agora?


Vou me atrever a falar algo sobre esse clássico do Machado de Assis? Será que há algo de novo a se falar dele?


Duvido muito. Poderia ficar aqui lendo, relendo e tentando tirar leite de pedra e, com certeza, nada acresceria às inúmeras teses de doutorado que devem tê-lo apurado.


Mas, vejam só! Não é minha intenção falar nada de novo sobre os livros que tenho lido. Apenas mostrar uma ou duas coisas que acho interessante.


E o que me levou a ler esse livro nem foi meu próprio interesse. De Machado de Assis li Dom Casmurro e achei bem interessante. Li Esaú e Jacó e achei aborrecido. Aí, o Woody Allen fala que o Memórias Póstumas estava entre os livros que ele mais gostou de ler ultimamente. Pensei, "se o Woody Allen resolver filmar uma adaptação do livro eu precisaria tê-lo lido antes". E foi tal pensamento chinfrim e tiete que me fez ler o genial Machado.


Vergonhoso, confesso! 


Mas, pelo menos, o li. E gostei, bastante. Mal parafraseando Mr. Allen, é realmente bem atual seu texto. Digamos que a escrita e o modo de falar é absurdamente diverso de hoje, mas o contexto se assemelha. As tramas e intrigas e a boa vida de um playboy, o próprio Brás Cubas. Que vivia de obsessões e desejos e de os satisfazer.


E assim gasta a sua vida, sendo patrocinador de uma cortesã, quase arruinando sua família; ou estudando na Europa e dissolvendo mais dinheiro; ou com Virgília, mulher que poderia ter, mas deixou escapar, para ser seu amante; ou com seu amalucado amigo Quincas Borba, de quem quase assumiu uma também amalucada filosofia, o Humanitismo, ou como justificar a lei do mais forte; ou com sua carreira política sem brilho; e, quando decide pela derradeira obsessão, o emplastro Brás Cubas, encontra a morte em uma pneumonia.


E assim, coloca como última conquista, o fato de não ter deixado nenhum filho ou  criatura a quem poderia, mesmo inadvertidamente, transmitir os ensinamentos de sua desregrada e vadia vida. Ao menos disso ninguém poderia culpá-lo.