quarta-feira, 9 de novembro de 2011

(Mini-Ensaio): Consumo "ludico-recreativo" ?!

Falo do artigo "Campus da USP: Quem ganhou e quem perdeu" de Wálter Fanganiello Maierovitch, jurista e professor, onde ele faz uma defesa da invasão dos alunos ao prédio da reitoria da USP, em protesto pela presença da Policia Militar, após essa ter prendido alguns alunos que consumiam maconha no campus.
Sei que estar ao lado maioria, apesar de democraticamente ser a melhor posição, nem sempre é estar ao lado da razão ou da inteligência, mas, pelo menos dessa vez, a verdade é tão óbvia e simples, que não parece ser possível criar-se argumentos contrários.
O artigo está no link: http://maierovitch.blog.terra.com.br/
Fiz dois comentários sobre esse artigo: 
1°) 
Discordo muito do articulista. Comparar a nossa situação à Inglaterra é não ter qualquer conhecimento de como são as ruas das grandes cidades brasileiras. Aqui se mata mesmo, a qualquer instante e por qualquer motivo, se rouba de verdade, mesmo que a vítima não tenha se descuidado, e se estupra de verdade, mesmo em locais de elevada circulação e à luz do dia. Na Inglaterra, o cidadão tem uma sensação de segurança que em nenhum lugar do Brasil existe. O Reino Unido é o 28º maior índice de desenvolvimento humano e o Brasil é o 84º (somente 56 países nos separam, tais como Equador, Venezuela, Líbano, Líbia e muitos outros). Em questão de corrupção a Transparência Internacional aponta o Brasil como o 69º menos corrupto (para fazer um comentário otimista) e o Reino Unido o 20º (à frente do Brasil temos Gana, Botswana, Africa do Sul, entre outros). Então, logicamente que nossos problemas estão muitos buracos abaixo daqueles da Inglaterra. Discordo muito da política de permissão de consumo de drogas, principalmente em público, mesmo que a título “ludico-recreativo”(!!). Se querem brincar e recrear consumindo maconha, que o façam dentro de suas casas, a portas e janelas cerradas. Quando temos muitas frentes de luta e só podemos atender a uma ou a algumas, devemos escolher qual é(são) a(s) principal(is). Logicamente, que aquela que salvaguarda a vida e a integridade física dos alunos está muitas vezes à frente da pretensa liberdade (!?) que se quer adotar dentro do campus. E que liberdade é essa? Já se aprovou a liberação da maconha no Brasil? E os alunos que invadiram a reitoria, não agiram de forma não democrática, que prevê a submissão à vontade da maioria? E não destruíram patrimônio público? E não agiram em conluio todos eles a fim de invadir e destruir propriedade pública? Enfim, são tantos e tantos atos de desatino que praticaram esses jovens que se justifica a sua remoção pelo aparato policial empregado, o qual, apesar de forte, não infringiu malefício físico a nenhum dos jovens. Palmas à polícia nessa operação. Para chegarmos à posição do Reino Unido, com seus 100 prêmios Nobel (O Brasil não tem nenhum sequer, lembrando que a Argentina já foi laureada 5 vezes), nossos estudantes terão de fazer muito mais do que somente lutar por direito a uso de maconha no campus ou direito a invasão de reitoria.
Comentário por Francisco Santos — 8 de novembro de 201116:01
2°)
Já publiquei um comentário e deveria parar por ali, mas creio que os comentários do articulista servem de ótimo gancho para trazer à luz o trabalho dos juristas que escrevem nossas leis, principalmente as penais e as processuais. Tais leis têm duas possíveis destinações, ou foram feitas para países com níveis de desenvolvimento humano acima do atingido atualmente pela humanidade, ou foram especialmente talhadas para beneficiar e facilitar a defesa de criminosos. Exemplo disso é a profusão de recursos que existem em nosso sistema legal, que faz com que, até um assassino confesso, se assim desejar, nunca seja preso de fato. Outro exemplo são aqueles ineficazes “princípios”, feitos, ou para anjos, ou para criminosos convictos, ou um ou outro, nunca para seres humanos normais. Como exemplo, cito o tal principio de não criar prova contra si próprio, instrumento legítimo contra tortura, mas, inversamente usado para não obrigar um bêbado que matou no trânsito a fazer teste no bafômetro, ou ainda o principio de que o detento tem o direito de fugir da cadeia, ou que mesmo condenados possam responder indefinidamente em liberdade, já que o sistema foi feito para isso mesmo. São coisas que facilitam muito a vida de advogados de defesa de transgressores e deixam desprotegidas as pessoas que querem e somente sabem seguir à risca um responsável comportamento social. É o que aconteceu com esses “estudantes”, ao invadir a reitoria e quebrar tudo por lá, na defesa de um pretenso direito de consumir maconha em área aberta do campus, e a exigir que a policia saia e deixe a universidade à disposição de bandidos, e, mesmo diante de tais propostas estapafurdias, ter um jurista que saia em defesa deles, utilizando inúteis e despropositados comentários políticos ou uma filosofia que definitivamente não serve para as ruas. Realmente, triste Brasil! Com tal elite será impossível alcançarmos posição de destaque no cenário mundial, e com tais estudantes na melhor universidade brasileira, realmente será impossível sonharmos um dia com um prêmio Nobel, repetindo o exemplo do cometário anterior.
Comentário por Francisco Santos — 8 de novembro de 2011 @ 23:31

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