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Agora que tudo o que pensei que iria realizar ou que teria realizado neste momento de minha vida se apresentam como impossíveis e que nem adianta tentar porque a inexorabilidade de uma vida sem possibilidades, aquilo que me foi imposto desde a minha nascença, de uma forma implacável cai em cima de mim, a dizer "está vendo? Entende agora a significância da palavra inexorável?".
Agora que tenho que continuar vivo e não somente isso, tenho que apresentar-me são e desejoso de viver, tenho que simular que ainda posso chegar lá e que estou vivendo não somente por viver, mas porque tenho um objetivo. Tenho que apresentar-me feliz, ou ao menos aparentá-lo.
Agora que muitos ainda precisam de mim, muitos ainda me olham com olhar pidão, como a dizer que precisam de um apoio, que esperam um algo que eu mesmo nem sei de onde tirar, mas devo parecer que sei.
Agora que preciso jogar pela janela antigos pensamentos, antigos pontos de apoio, antigos axiomas de minha existência que devem ser deixados para trás, e tenho que viver sob a égide de pensamentos e valores de pessoas que eu criticava, mas que hoje vejo felizes em suas próprias ilusões. Mantiveram sua sanidade, mantiveram sua lucidez dentro de seus parâmetros. Não há o que discutir, vence-se uma ideia em detrimento de outras. A carne dos fracos é alimento para os fortes, não importa em que contexto se diga tal máxima. Tenho meus despojos e entrego parte de minha carne, de minha gordura, em honra a um novo deus, pedindo que me aceite em seu recinto, que me diga o que fazer para ser aceito, que me diga o que fazer para andar em sua conformidade.
Agora ... preciso de um porto, mas não encontro. Agora, preciso de um paradeiro, de um esteio, e não tenho. Nunca tive, a bem da verdade, mesmo nos diáfanos becos que andava antes.
Mas, agora, eu preciso...
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