sexta-feira, 5 de agosto de 2011

(Mini-Crônica): Solar, de Ian McEwan



E acabei de ler o Solar do Ian McEwan (Cia. das Letras, 2010).

Confesso que foi um livro difícil de ler. Em um primeiro momento eu quis lê-lo porque achava a sua temática, que algumas sinopses propugnavam, seria a discussão de uma fonte de energia renovável, obtida do sol, ao estilo da fotossíntese. 

Tal idéia, abordada de uma forma inteiramente diferente, eu apresento em uma situação também bem diversa do Solar, em um livro que estou escrevendo. Quem sabe um dia eu conclua o livro e tenha coragem de divulgá-lo.

Até lá, muita água vai passar por debaixo dessa ponte, e muitos bronzeados o nosso sol também vai permitir.

Mas, na verdade, não é essa a temática do livro. Isso é apenas um mote para adentrar no submundo conspiratório dos cientistas e sua disputa, às vezes desleal, por prestígio.

Ademais, em muito momentos, o livro parece mais o roteiro de uma comédia ao estilo pastelão, sendo que o personagem principal se encaixaria muito facilmente como o Hardy, de "O gordo e o magro", embora esse não fosse mau caráter em essência e nem gênio em inteligência como, ambiguamente, o Larry Summers de Solar o é.

Penso que pouquíssimos leitores conseguirão se encaixar no perfil do protagonista, o que gera pouca empatia com ele, que é o modelo do anti-herói. Aliás ninguém vai querer se encaixar naquele perfil, mesmo que somente sob o ponto de vista físico, o que já seria muito desabonador.

Mas, algum comentário que li, em uma sinopse por aí, resumiu bem o livro e acrescento aqui: O protagonista me parece toda a humanidade, obesa, enorme, quase inválida, mas a pedir sempre mais de suas amantes, sem saber como, apesar de sua feiúra e de suas ações, ainda consegue a atenção de amantes tão belas e dedicadas. É como nosso planeta, tão lindo, tão receptivo, tão solícito em atender nossas necessidades. Até quando poderemos manter essa relação? E quando ele nos abandonar?

De um outro ponto de vista, uma coisa interessante no livro, é perceber como um fato sem importância, algo tão bobo, tão estúpido, pode transformar nossas vidas de forma decisiva, mesmo que tenhamos dados outros motivos muito mais sérios e consistentes para tal transformação, seja para o bem ou para o mal. Ou seja, ainda somos governados pelo caos.

Sendo assim, para que serve mesmo o planejamento?

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