segunda-feira, 1 de julho de 2013

(Poema): Tirar-te de mim






Sentir sem transbordar e ter sem reter.
Preciso  perceber os exageros em minha vida,
notar aquilo que me ultrapassa, que me transpõe,
como ver-te como algo fora de mim,
mantido em suspensão.

Se mantenho-te dentro de mim, 
nunca poderei observar-te.
Para vislumbrar a beleza de Sua criação,
Deus a expeliu de Si, e a manteve distante,
o mais que pode, apenas para contemplar.

E, se não posso dizer-me ou fazer-me Deus,
mesmo assim, concebi-te, e agora, como é duro
tirar-te de mim. E enquanto estiveres aqui dentro,
nunca poderei ver-te, e espelhar-me em ti, ou não,
apenas ver-te, deixar-te seguir teu destino.

Enquanto estiveres aqui em mim, vejo-te,
mas, envolvido pelas brumas de meu próprio ser,
tu és disforme, pois não te amoldas à minha armadura,
não te envolves bem a minha própria névoa.

Concedam-me forças para tirar-te de mim.
Preciso sair-me de repente, e somente assim,
após essa intensa e única convulsão, poderei ver,
eu somente a mim e tu somente a ti.

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