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Nesses últimos dias o que mais se fala é a Copa do Mundo e a polêmica entre aqueles que são pró ou contra. Ou seja, não se comenta a Copa, como um fato em si mesmo relevante, embora as emissoras de rádio e televisão tentem de toda forma direcionar a discussão para esse tema em específico.
Há uma ideia, quase um consenso, de que as pessoas não estão mais interessadas em saber a preparação da seleção brasileira, ou as nossas reais chances de título, ou a situação de nossos adversários, ou ainda a chegada de outras seleções e suas preparações.
Existe toda uma apatia por tais notícias, mesmo que se saiba que o brasileiro curte (e muito) tal evento. Em alguns ambientes é até mal visto quem deseja comentar a Copa, como Copa, unicamente. Quase que se tornou politicamente incorreto tal tentativa.
Claro, sabemos (ou acreditamos saber) que quando a Copa iniciar todos esses “poréns” serão deixados para trás e "a pátria de chuteiras" novamente se encontrará à frente das televisões comemorando mais uma vitória da seleção...
Pelo menos essa é a expectativa dos organizadores, das redes de comunicação e, principalmente, do governo. E seria a única expectativa plausível até a Copa passada. Ninguém sequer cogitaria em discutir a sempre sagrada farra da Copa, a sempre sagrada parada nacional durante os jogos da Seleção e a sempre sagrada ressaca pós-jogos.
Nenhum analista político (menos ainda esportivo) poderia imaginar que, quando o Brasil foi escolhido para sediar a Copa do Mundo (lá, em outubro de 2007), as coisas chegariam ao ponto que chegou. Hoje, reina a desconfiança, uma denominação política culpa a outra pelos movimentos que se instalaram no país, principalmente aqueles de meados de 2013. No princípio, no cerne do movimento (embora se notasse certo dirigismo por diversas forças políticas), havia algo apolítico no ar, uma tênue esperança de consenso nacional contra a corrupção e os desmandos econômicos de governantes de todos os matizes e partidos. Alguns chegaram a pensar que seria um principio de revolução de costumes no Brasil!
Mas nada poderia se esperar de organizado em um movimento onde a desorganização era o mote. Então, quando os ativistas mais inocentes se aperceberam, os grupos políticos infiltrados tomaram conta do movimento, refreando-o por um lado, radicalizando por outro, e deixando aqueles que não se enquadraram em um limbo desorganizado.
São os últimos que, neste momento, pregam até mesmo o terrorismo contra a Copa do Mundo. Facilmente foram cooptados pela criminalidade, pois há uma linha muito tênue entre a desobediência civil que pregam e empregam e a simples bandidagem, e agora, sob uma justificativa de contrariedade aos gastos da Copa, desejam se unir a facções da alta bandidagem nacional, tal como o PCC, a fim de engrossar atos de puro vandalismo ou de inédito terrorismo no Brasil.
É impossível conversar com tais grupos, pois não desejam um resgate para devolverem a sociedade que mantém refém, ou não desejam apresentar um rol de propostas ou alternativas, mas querem, isso sim, os despojos dessa sociedade (uma insanidade). Aqueles que ainda se iludem com tal prática, digamos os "bem intencionados", acham que conseguirão, pura e simplesmente, se desfazer dos criminosos que se alinharam ao movimento ao se implantar o "modelo" de sociedade que advogam, se é que saibam que modelo seria esse e como sustentá-lo.
Então, em que "sinuca de bico" se enfiou o Brasil com a vinda da Copa para cá?
A corrupção, a incompetência, a desorganização, todos sabiam (creio que até a FIFA) que seriam os maiores riscos para o evento. Todos tinham um vislumbre de que os estádios sairiam somente na última hora, por um preço muito acima do "orçado ou planejado" (se é que há algum planejamento real em qualquer atitude governamental brasileira, em qualquer esfera ou partido). A previsão inicial, em 2007, era gastarmos R$ 2,2 bilhões, que passou para cerca de R$ 8 bilhões na última Matriz de Responsabilidades de 2013 (ainda a ser revisada), ou seja, 263% a mais. Culpa da corrupção somente? Logicamente que não. A culpa maior é da eterna incompetência brasileira no planejamento. Infelizmente, não é prática no Brasil fazer um planejamento sério e abrangente, onde todas as possibilidades sejam estudadas. Prefere-se fazer uma estimativa grosseira e deixar a efetivação da obra para os aditivos, já que não há penalização para tais coisas em nosso ordenamento!
Como solucionar isso?
A meu ver, não há como. A nove dias para o seu inicio não há mais como afastarmos a Copa do Mundo.
Há uma grande parcela silenciosa da população que deseja a Copa e deseja assistir os jogos e deseja o Brasil campeão. Essa parcela é a maioria, mas é silenciosa, muito silenciosa. Ela pega fila para ver o troféu da FIFA, faz prestação para comprar uma televisão novinha, fica na fila de reserva de ingressos, compra camisas e bolas oficiais, etc. Ao final das contas, a maior parte dos custos é suportada por essa parcela.
Também há uma parcela razoável que aceitaria a suspensão dos jogos e a imediata abertura de investigação sobre os gastos, seus responsáveis, seus fluxos de pagamentos, com penalização de todos que aprovaram tais dispêndios irresponsáveis, devolução dos gastos não justificados e pagamento auditado de todos o fluxo de financiamento contratados. Mas, essa parcela apenas resmunga, e também é silenciosa.
E há uma pequena parcela que deseja destruir a festa custe o que custar. Essa parcela está longe de ser silenciosa e é a pedra no sapato dos organizadores e governo.
Não há como satisfazer essa última parcela (que, como já disse, nem deseja tal satisfação), mas há como atender a segunda, ao menos parcialmente. Nesse caso, a Copa seria realizada, dentro da máxima normalidade possível. A ideia é o país se apropriar de tudo o que de bom a Copa do Mundo gerou ou ainda possa gerar, como o fluxo turístico (e nem falemos de eventual turismo sexual), as poucas obras de infraestrutura (muitas inacabadas) e os estádios novos (mesmo os elefantes-brancos, quase sem utilidade). Na sequência, imediatamente depois, deve-se abrir sindicância ampla sobre todos os gastos e financiamentos. Tudo deve ser justificado ou, caso contrário, devolvido aos cofres públicos ou ao caixa do BNDES. As planilhas de financiamentos devem se tornar públicas e seus pagamentos auditados por órgãos públicos e privados independentes.
No mais, só nos restar torcer, não somente pela seleção do Filipão, mas, principalmente, para que se fique somente na polêmica, que o intento dos mais radicais não se realize, e o país não entre em clima de guerra civil novamente ou mesmo não passe pela vergonha de ver a Copa do Mundo ser suspensa, elevando o prejuízo da insanidade que foi a nossa candidatura.
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