quinta-feira, 29 de agosto de 2013

(Devaneio): Em 5 minutos

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Comprei um computador novo. Quando ele chegar, talvez não perca mais esses dez minutos que meu velho amigo demora para se aprontar e deixar-me utilizá-lo. Tempo que ele necessita para estar certo de que tudo está perfeito e que poderei prontamente espalhar as minhas ilusões e ainda que, ele próprio, não será o motivo, para que isto tudo soe assim, como não poderia deixar de ser, medíocre.
 
Com o novo, talvez perca somente cinco minutos.

E nos últimos cinco minutos. O que poderia ter feito? O que poderia estar fazendo, para além do que já fiz ou esteja a fazer?

Para além de meus desejos. De minhas aflições. Das angustias que carrego. O ganho desses cinco minutos me levaram a querer mais agilidade de meu computador. Sempre é possível ganhar mais cinco minutos adicionando mais memória, trocando um processador antigo, uma peça defasada. Mas, optei por aposentar o meu pequenino.

Mas, o que farei com esses cinco minutos?

Ficarei mais  um tempo com o olhar perdido, olhando pela imensa vidraça que está à minha frente, observado os pedrestes que passam, desejando cada bela mulher rebolante, odiando seus companheiros, desprezando os que aparentam felicidade, dando corda a essa meia inveja desprezível?

E, além disso, o que farei nos cinco minutos que ganharei?

Posso ficar orando. Posso ficar suplicando que venham idéias para escrever, tópicos para divagar, temas de interesse pessoal ou coletivo. Posso ficar imaginando o que seria se eu fosse um gênio da escrita.Um verdadeiro escriba. Cheio de estórias e história, com um passado repleto de conquistas intelectuais e com um mar de curiosidades a compartilhar. Talvez cinco minutos sejam necessários para eu mesmo acreditar nisso, pois, um produto precisa primeiro ser comprado por seus vendedores, para depois esses repassarem a seus clientes. Preciso então, em cinco minutos, providenciar a compra de  mim mesmo, cuidar da embalagem e do envio de minhas idéias até onde serão, de fato, utilizadas.

E o que mais? No que mais me aproveita os cinco minutos?


Há alternativas. Sim, até a mentes medíocres há alternativas de felicidade em cinco minutos. Aliás, quem sabe, mentes medíocres são muito mais felizes em cinco minutos do que suas congêneres geniais em um dia inteiro, pois, o vácuo, além de abrigar o nada, permite infinitas possibilidades. Um pote cheio é menos útil que um vazio.

Então, na minha mediocridade, posso cuidar para esvaziar o pouco que resta em minha de pretensa sapiência. Posso esvaziar minha mente e deixar-me vagar por seu vácuo...
 

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