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Gostaria de escrever algo sobre o conhecimento, ou como o entendo, como penso que o adquiro e como posso transmiti-lo.
Longe de mim a pretensão de esgotar o assunto. Meus próprios conhecimentos não chegam nem a arranhar a questão. E, a bem da verdade, sequer pude sistematizar isso em mim mesmo, quanto mais generalizar o assunto.
Dependendo a quem fizermos tal pergunta, poderíamos ter centenas de páginas escritas. Se perguntarmos a um scholar, como boa parte das pessoas que me rodeiam se identificam, precisaria de dúzias e dúzias de citações, fundamentações de autoridades, quadros e tabelas, e muitas e muitas divagações puramente quantitativas e roteiros e check lists de como proceder assim ou não-assim.
Há também todo um método que precisa ser obedecido. De qualquer forma o método é o mais importante. Fazer um estudo dito cientifico é, além de tudo, fazer uma receita de bolo. Precisa ser capaz de ser reproduzido.
Mas, não posso fazer assim, pois estou tentado divagar sobre o processo em mim mesmo ou seja, somente pode ser reproduzido por mim mesmo. A não ser que conseguissem isolar minha mente em algum laboratório.
Por outro lado, a uma pessoa simples, de pensamento prático e lida atarefada, obteríamos uma resposta advinda de sua experiência pessoal, como ele próprio adquiriu seus conhecimentos, aquilo que foi necessário para sua sobrevivência e de sua família, e como foi possível passar essa experiência por gerações, através de exemplos ou observações direta, através de erros e acertos, todos testados diretamente na prática. A refutação a uma premissa, nesse modelo simples e totalmente empírico, pode significar a própria morte do pesquisador.
E é aí que reside a beleza dessa forma de conhecimento. Não há um método, não há como contrapartes testarem sua validade, e nem precisa, afinal, a simples sobrevivência dos "pesquisadores" é sinal de que o método é eficaz. Pode não ser possível testar a sua eficiência, mas sua eficácia é e sempre será fato, enquanto houver propagação.
Diferente do que se possa imaginar, não estou aqui para refutar totalmente um ou outro discurso. Ambos tem sua validade, servem aos interesses de seu público e foram eficazes em trazer seus usuários até o presente momento. Se bem que sabemos que o saber popular é bem mais antigo e eficaz e, do ponto de vista escatológico, deve ser o predominante ao fim de tudo.
Também não pretendo inovar coisa alguma. Sou mais propenso ao pensamento tradicional pragmático, mas não poderia recusar totalmente o método científico-acadêmico.
Creio que o grande problema do método científico é privilegiar por demais os resultados, e jogar à indiferença os caminhos tortuosos que se trilharam, assim que lá se chegou. Ora, o caminho por vezes é a melhor parte da viagem, melhor até que o destino. Apesar disso, soando claramente como um contrassenso, há uma preocupação excessiva com o método. Uma apresentação científica geralmente gastará "90%" de seu tempo em demonstrar que se seguiram todos os ditames da norma científica, que foi analisado o modelo tal, pelo parâmetro tal, segundo aquilo que aquele ou aquele outro luminar da área recomendou. Assim, somente após esse longo discurso é que será aceita qualquer conclusão.
Ou seja, não é, de maneira nenhuma, uma metodologia de vida, é apenas um ritual. Vale para aqueles iniciados.Somente para esses.
Mas, não foi assim que chegamos até aqui. Não foi dessa forma que saímos de uma condição simiesca e passamos a ser humanos, passamos do nomadismo e da dependencia absoluta do que a natureza nos concedia, para podermos, até certo tempo, mudar a realidade que nos é apresentada e, até certo ponto, criar alternativas que naturalmente não existia. Chegamos até aqui muito mais pelo método da inferência pura e simples, o cientificamente abominável "achismo" foi muito mais util para os humanos do que o método científico. Aliás tenho sérias duvidas sobre o tipo de sociedade que chegaremos em uma pretensa exacerbação do método científico, quando não conseguirmos amoldar a realidade a uma fórmula matemática e assim ficarmos estagnados, achando estar no limiar, no topo do conhecimento.
Caminhamos para isso? Quando não soubermos mais fazer perguntas, ou quando acharmos que todas as respostas já foram encontradas.
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