sexta-feira, 6 de setembro de 2013

(Sonho): Ultima chance

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Até o momento tenho falado sobre os problemas que podem  impedir a realização de meu desejo de morar fora do Brasil, e viver uma realidade melhor, pelo menos que a do nosso país.

Tenho falado de questões financeiras, questões de logística, questões de emprego, questões pessoais e até psicológicas. Cada uma a seu tempo, cada uma em sua intensidade podem jogar um caminhão de areia nas minhas pretensões.

Assim, realmente é muito difícil que eu consiga tal empreitada.

Mas, o que me move, o que me faz, ainda assim, querer fazer? Ou, o que me faz ainda considerar isso um sonho?

A resposta mais acertada seria um tremendo: "Sei lá"!

Porém, como qualquer ser humano, busco motivos para tudo, e aqui não seria diferente. Alguns já até falei, que é a busca de um lugar seguro, despreocupado de assassinatos e roubos, um lugar onde as coisas funcionem, onde as pessoas se respeitem e são respeitadas, onde as pessoas são conscientes de seu papel na comunidade, um lugar limpo, um lugar que seja, ao mesmo tempo, urbano e clean e com natureza próxima, com árvores, parques, serviços públicos úteis e funcionais. 

Isso tudo, dessa forma, existe? Talvez sim. Porque não em Vancouver, no Canadá? Podia ser em outras tantas cidades, mas acho que lá encontraria a síntese dessas aspirações. Não que seja o paraíso na Terra, e também nem busco tanta perfeição.

A partir daqui teria de entrar em todos os problemas para me refugiar por lá. Mas, já tratei dessas questões em outros posts, e talvez volte a elas no futuro.

O que eu queria acrescentar nesse post é a razão final de minha vontade de emigrar, de meu desejo de sair daqui.

Sim, porque sempre haverá razões manifestas e razões escondidas. E creio que são as últimas que realmente impulsionam os desejos e validam as forças que são levantadas para realizar os grandes empreendimentos. Sim, porque, guardadas as proporções individuais, cada um sabe onde aperta o seu sapato, e o esforço que se fez para conseguir realizar um desejo.

A minha razão escondida, velada, não declarada é a necessidade de uma ultima chance de vitória. 

Isso mesmo, tenho 46 anos! Sinto-me velho! Sei que não, mas sinto-me. Infelizmente!

Nesse momento de minha vida posso me gabar unicamente de uma coisa: Sou um sobrevivente.

De onde eu vim, o que eu passei, as pouquíssimas oportunidades que me foram oferecidas, os exemplos a que fui submetido, eu posso dizer que sobrevivi a furiosas tempestades e avalanches, e a marasmos também, quando nada de relevante poderia acontecer.

A situação que encontro-me hoje é realmente a de um sobrevivente. Um náufrago, que conseguiu chegar a uma ilhota que oferece tudo de básico para sua sobrevivência. Árvores, pequeno lago, coqueiros, mar, sim há tudo que se precisa para não morrer de fome, sede, frio ou calor. E este náufrago conseguiu isso depois de nadar e boiar por quilômetros e, às vezes por sorte, às vezes por inteligência, não ser devorado por tubarões.

Assim, o que mais poderia reclamar? Na concepção de alguns, poderia se considerar um vitorioso. Na sua concepção, apenas um sobrevivente.

E é assim que me sinto. De tudo que me empenhei na vida realizei somente o suficiente para sobreviver. Em nada posso me chamar um vitorioso de mão cheia. A ninguém poderia oferecer consultoria sobre viver e vencer. Apenas viver e sobreviver.

A ida ao Canadá, ou qualquer outro lugar que signifique imigração, seria minha última (ou única) tentativa de vitória. Seria deixar minha pequena maloca, meus cocos, meus peixes, minha roupa de folhas de coqueiro, e, fazendo uma jangada rústica, sair ao mar (confiante em sua mansidão), pronto para vencer ou morrer.

É desse medo que tento fugir, e é pelo vislumbre do porvir que brilham meus olhos.

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