sexta-feira, 14 de agosto de 2009

(Mini-crônica): Mudança de rotina

Foi no almoço. Como sempre, com pressa. Como sempre, sem fome, e assim, sempre como, meio que por obrigação.

Naquele dia também seria assim. Obrigo-me a ir. Saio da mesa no mesmo horário. Meu médico disse que o importante é a rotina. É o costume. É o vício que impulsiona nosso corpo. Estranho, então não tenho como deixar o cigarro? Estranhamente, sim. É só quebrar a rotina. Mas, aí eu não como, sempre.

Certo, naquele dia eu tentei manter a rotina. Mas, quando o elevador abriu, surgiu o Luca, meu chefe alemão, que como sempre, sempre come mais tarde. Me segurou mais dez minutos.E cheguei atrasado na saída do prédio.

Cheguei atrasado ao encontro marcado. Marcado com meu estômago.

Mas, quem apareceu foi ela.Ela foi quem apareceu. E não minha fome. E fiquei faminto. E fiquei sem pressão. E, se não fosse o corrimão, viraria piada.

Mas, ela passou. O cabelo, a cintura, os quadris, as coxas, os quadris, a cintura, o cabelo... E a fome apertando. E a boca virou uma lagoa.

"Onde vamos almoçar hoje?", perguntou o colega.

"Tô morrendo de fome", foi só o que consegui dizer.

Espanto geral.


Meu médico estava errado. Melhor mesmo, para aumentar a fome e deixar de fumar, é mudar a rotina.

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