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Mas, não é assim. Sobretudo porque, quanto mais alto o salto, maior é a queda. E hoje acordei-me com muitas escoriações e algumas fraturas expostas, mas não irei apresenta-las, logicamente.
Porém, um evento, e não vou dizer qual, fez-me pensar em duas coisas que se intercambiam em minha vida atual.
A primeira coisa é a motivação para que eu, tão insistentemente e mesmo sabendo da quase impossibilidade, insisto tanto em jogos de loteria. Enfim, é claro que a motivação óbvia é o desejo de ganhar. Mas, busco aqui o espírito por trás disso, e há uma lógica que faz-me sentir impulsionado para essas tentativas.
Sim, notei que há pessoas que já nascem com um bilhete premiado na mão. Não digo de milionários de berço, porque não jogo para tornar-me milionário (muitos sabem de minha intenção de, em uma eventualidade de ganhar um prêmio colossal, ficar somente com o necessário e doar todo o resto. Assim, o farei.).
Falo das pessoas que, por sorte, nasceram em famílias bem estruturadas, de médio padrão, mas em ascensão,que podem desfrutar de uma boa moradia, bem localizada e confortável, de uma boa escola, de bons atendimentos de saúde, de lazer variados, como clubes e chácaras e casas de vovó e titias, etc. Enfim, no meu conceito amplo, tais pessoas nasceram com um bilhete premiado na mão. Podem, no transcorrer de suas vidas, se desfazerem de tal oportunidade, mas, enquanto outros guiarem seus passos, ele sorverá desse beneficio.
Tais pessoas não precisam se preocupar em obter o que pretendo ao jogar em loterias. Eles já o tem desde o principio.
E há pessoas, e aí me incluo, que não tiveram tal sorte. Mas, havendo justiça na causalidade, havendo parâmetros no caos (ora, todos nossos econometristas julgam que há, pois senão abandonariam de vez suas carreiras e seus modelos estatísticos), então creio que tenho muitas chances de ser contemplado com tal ventura. O problema é que, com a demora de tal definição, acabarei por ter muito pouco tempo para utilizar.
Mas, também gostaria de comentar algo sobre uma questão existencial que muito me aflige também.
É a tristeza de estar inserido em um meio em que as pessoas não vivem a vida como ela é, em uma definição Nelson Rodrigues, mas sim a vida como deveria ser.
E qual a diferença?
A vida como ela é deve ser algo intangível, diferente do que o nome induz a pensar. Esse "como ela é" não é revestido de realidade, pois, ao tentar se impor como verdade, torna-se uma tremenda bazófia, pois não existe isso. Ou torna-se uma elegia, mais lamentosa ainda do que se espera. Ou torna-se uma apologia ao pessimismo e à desconfiança. Enfim, falar-se da vida como ela é, é falso e até imbecil. Não deve haver uma "vida como ela é".
A vida como ela deve ser é um ideal metrificado e palpável. É algo tangível e pode ser visualizado pela maioria das pessoas. É quando se faz planos e os executamos. É quando contemplamos conquistas e interrupções. É quando saudamos cada manhã e temos um mapa traçado em nossa mente de como haverá de ser o dia.
Mas, eu vivo a vida como ela é, no estilo Nelson Rodrigues, uma maçaroca de problemas que não tenho por onde começar a desenrolar. Paradoxal, mas as pessoas que convivo lado a lado vivem a vida como ele deve ser, onde as conturbações de filho, cônjuge, pai, mãe, irmãos se compensam ou coexistem naturalmente.
Não é esse meu caso.
Por isso resolvi afastar-me, pois a minha "vida como ela é" deixava atordoados meus próximos. Não havia como entenderem, pois trata-se de uma realidade não descortinada aos tais, enquanto vivem suas vidas "como ela deve ser". Afastei-me, principalmente para que não fosse incubado com o mal da inveja, coisa pegajosa e mal cheirosa, que empesteia o ar por onde passa e que mata primeira e essencialmente o seu portador. Não quero assim.
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