terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

(Devaneio): Agora entendo

Entendeu agora a sua aversão por seres humanos?

Finalmente. 

Eles são, de fato, dignos de pena.

Entendeu agora, finalmente, o seu medo? 

Bem, ele te dirá, “não é por aí”. “Não tenho essa aversão toda, e, muito menos, esse medo que você disse. É apenas distanciamento, tá bom?”.

Ok! Então, entendeu agora, finalmente, o seu distanciamento dos seres humanos?

Ficou bom assim?

Na verdade, é que você gostaria tanto de ser assim, que, ao final de tudo, acabou por tornar-se. Distante! Embora sem possibilidade de fuga. Isso não! Apenas distante.

Mas, talvez seja questão de tempo. Algumas décadas, para ser mais preciso. Compreenda, é um tempo que ainda cabe em sua vida. Então, é factível.

Hoje, há o distanciamento presente. Distanciamento bem perto. Aquele, distante na alma, como diriam. Mas, ainda não é nem isso do que se fala. É distante no pensamento, nas necessidades, nos compartilhamentos. É a apatia, ampla, geral e irrestrita.

Deseja estar ausente, deseja só a si próprio. Só. Almoçar consigo mesmo, sair consigo mesmo, estar consigo mesmo. Não abre de seus recessos fisiológicos no toalete. Trata-se apenas de um mini asilo. Fugaz vislumbre de uma clausura futura mais ampla e aparelhada.

Naquelas três paredes e uma porta pode refugiar-se. Ninguém o vê. Lá, como em nenhum outro local, você pode orar, chorar, bendizer, maldizer, confessar, questionar, propor, aceitar, confabular, sem ninguém saber ou julgar.

Maluquice? Talvez!

Então. Agora, você entende seu distanciamento. Mas, nele é tão sutil e tão impregnado em sua alma, que passa despercebido. Nem você, nem ninguém, dos poucos que a rodeiam, notam. É um isolamento inerente ao seu ego. É algo inexorável. Sendo assim, não poderia ser diferente, vindo dele. Sendo assim, falha seria o contrário.

Para você não funciona assim. Ainda não é bem aceita a idéia. Soa falso. Ainda não se ajusta ao seu agir, falar e pensar. Ainda não está... de acordo.

Luta para isso. Com certeza, atingirá. Mas, sempre será meio estrangeiro nesse país. O estranho no ninho. O patinho feio. Falará como que se achando fluente nesse linguajar, embora os que o rodeiam percebam o seu grasnar de outras terras, lembranças de onde passou e imagens do que presenciou.
  

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