terça-feira, 20 de outubro de 2015
(Devaneios): Ética e consciência
A ética.
Gostaria de poder falar algo a respeito.
Falo assim, ética no minúsculo, como algo que deveria ser inerente a todo ser humano, como um sentimento, como uma perspectiva única de vida. Não deveria existir outra opção para as pessoas. Seria isso, ou está fora.
Não quero tratar o assunto como uma ciência ou um ramo da Filosofia, aquela Ética, maiúscula e inatingível. Algo idealizado nos franceses, nos germânicos, nos gregos, e por aí vai. Não, neste momento, não me interessa esses conceitos abstratos.
Afinal, qual é a ética que devemos seguir? Qual pensamento que devo me fiar e que, se morrer agora, sei que vivi sob a sua égide, o bom e velho "morro com honra"?
Para mim, existem camadas que devo me valer para confiar meus atos à minha ética.
Primeira camada: minha consciência. Sim, em primeira instância, adoto a prática de ser escravo de minha consciência. A essa escravidão, no meu caso especifico, é impossível fugir. Mesmo quando não quero, estou sempre respondendo a questionamentos desse terrível feitor, desse senhor de minha alma, que por vezes chega a me afligir e sou obrigado a gritar com ele, pedindo clemência.
Segunda camada: a consciência de quem me é próximo. Não posso me impor aos meus/minhas companheiras de vida. Aqueles que me rodeiam tem escopos e objetivos próprios de vida. Tem atitudes que são eficazes para eles. Quase nunca eles se impõem servidão à própria consciência, como eu me imponho à minha, mas, para eles, a atitude que tomam é eficaz, pois os trouxe até o momento e sua aparência externa demonstra uma felicidade que, na maioria dos casos, eu sei que nunca igualarei, mesmo que, orgulhosamente, eu bata no peito e diga que aja de acordo com a minha consciência. Me resta somente respeitar sua decisão.
E aí mora uma grande perigo para mim, quando, muitas vezes, nesses momentos de contemplação da eficácia alheia, mesmo que não queira, sou obrigado a sucumbir à inveja, e lutar contra ela é tarefa árdua quando se acredita tanto em seus próprios parâmetros de vida. Mesmo assim, luto a todo instante. Até o momento, tenho saído vencedor desse confito interno.
Terceira camada: a consciência de minha comunidade. O pensamento geral, pré-concebido, mesmo que inovador, mesmo que desgastado pelo uso, também é assumido pelo meu controle de ética. É essa visão geral que possibilita uma filtragem de minha própria ética. É a única forma de modificá-la, já que mesmo a visão e confronto com a consciência dos que me cercam, não é suficiente para meu orgulho próprio.
Não há hierarquia nessas camadas, por vezes uma se sobrepondo à outra. Mesmo que conflitantes sou obrigado a respeitar a todas, sendo tal necessidade, um dos maiores motivos para muitos de meus momentos de infelicidade.
Apesar disso, a luta constante entre minha visão de mundo, desafiada pela eficácia da visão dos que me cercam e filtrada constantemente pelos parâmetros de minha comunidade causam poucos pontos de ruptura graças à vigilância constante de minha própria consciência e resultam naquilo que chamo como "minha ética".
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