segunda-feira, 5 de outubro de 2015

(Crônica): Má companhia


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Não sou uma boa companhia.

Tenho problemas, sei disso!

Confesso que gostaria de deixar-me de lado.

Encostar a mim mesmo em um canto e deixar-me ali, sem que ninguém veja. 
Como um criminoso que desova um corpo. 

Assim, gostaria de deixar-me. 

Quem sabe em um porta-malas de um carro.

(Aí não, pois tenho claustrofobia. Basta deixar-me em um canto, um beco aberto para os lados e para cima. Aí basta.)

E deixar-me ali.

E aí, sem a minha companhia, eu poderia andar mais tranquilo pelas ruas.

Mais solto, poderia contemplar as flores, as árvores, os canteiros, os pássaros...

Mais leve, poderia olhar as moças passarem, desejá-las tão somente, sem outra pretensão.

Mais livre, poderia observar o desenrolar da lida dos outros, sem comparar-me, sem angustiar-me.

Menor poderia ser. Porém, isso me bastaria. Metade de mim, seria melhor do que meu todo.

Assim gostaria que fosse.

Mas, não tem como ser. Preciso sempre carregar-me comigo.

Assim, te livro disso. 

Não sou uma boa companhia.

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