sexta-feira, 14 de novembro de 2014

(Elucubrações): A Evolução em contraponto ao Design Inteligente (Teorias complementares?)

free image in http://www.freeimages.com/photo/1378487 by deafstar

Recentemente li o artigo do Hypescience, chamado "Porque você deve parar de acreditar na evolução": http://hypescience.com/evolucao-fe/.

A ideia do artigo é justamente o oposto ao que parece. Você deve parar de acreditar na evolução não porque suas premissas são falsas, mas simplesmente porque ela é tão real quanto o Sol nascer toda manhã. Não é algo para se acreditar, não é algo que dependa de fé, apenas é natural, que existe, sempre existiu e, até que se prove o contrário, sempre existirá.

Fato. É incontestável a atuação do processo evolutivo através do mecanismo da seleção natural no desenvolvimento da vida e a sua adaptabilidade ao nosso mundo e, supõe-se, em qualquer outro mundo onde a vida possa ter se estabelecido.


Vem daí a divergência com os criacionistas. A principal corrente do criacionismo advoga que tudo que vemos surgiu na forma atual, pois assim nos foi ensinado pelos livros sagrados. A ideia de evolução embute imperfeição, pois somente se modifica o que está imperfeito e, primeiro, não se constata mudanças desde que os seres humanos adotaram os registros históricos (há cerca de seis mil anos), segundo, Deus não poderia criar algo imperfeito, sendo ele próprio perfeito.

Tal visão puramente religiosa é fácil de derrubar, pois o tempo da história da civilização é muito curto em relação ao prazo das alterações significativas previstas pela evolução. O que realmente conta pode demorar milhões de anos para acontecer e se firmar. Assim, é muito difícil uma pessoa testemunhar esse fato, mesmo que acompanhe o relato de gerações e gerações.

Além disso, os seres existentes são perfeitos para o momento atual e o ambiente atual. Não quer dizer que são melhores que seus predecessores. Assim, nesse sentido, não quer dizer que há perfeição nos seres atuais e imperfeição nas gerações anteriores. Apenas, a evolução explica que mudanças que melhor se adaptem à nova realidade tendem a se perpetuar. E diminutas mudanças, em cima de diminutas mudanças, acabam por gerar uma nova espécie.

Porém, gostaria de apresentar uma ideia que, em um primeiro momento, soa como contraponto à evolução. Trata-se da chamada ideia ou teoria do design (ou projeto) inteligente e sua companheira a complexidade irredutível (como a seleção natural explica a evolução, a complexidade irredutível explica o design inteligente).

A evolução e o mecanismo da seleção natural são claros e de aceitação simples. Existem e é assim que se desenvolve a vida no sentido macro, adaptando-se a cada ambiente e momento. Assim, não é o caso de acreditar ou não, a evolução é fato, e talvez não só explicando a complexidade da vida, mas de todos os eventos físicos do universo. 

No entanto, no caso da vida, pensada estritamente em sua origem, natureza e princípios básicos, ou em sua infraestrutura (entendida como sendo os elementos primordiais que possibilitam a produção dos demais), há algumas coisas intrigantes que são abordados pelos adeptos da teoria do design inteligente (DI), tida pela ciência padrão como pseudo-ciência (uma explanação longa, mas um tanto preconceituosa, pode ser obtida na Wikipédia: http://pt.wikipedia.org/wiki/Design_inteligente), mas que traz à tona temas não explicados adequadamente pela teoria de seleção natural, principalmente quanto a questão das máquinas e fábricas molecular celulares.

Essas máquinas estão na gênese da vida, existem desde as bactérias mais antigas, mesmo nas primeiras células, as mais arcaicas. Um exemplo clássico, muito mencionado pelos adeptos do DI, é o motor bacteriano flagelar (espécie de cauda, usada para movimentação, presente nos organismos unicelulares), em tudo semelhante a um motor de popa. Esse mecanismo não poderia ser concebido por partes, com o gradual acréscimo de uma peça e outra, pois as peças isoladas não tem função e seriam descartadas pelo conceito da evolução. Assim, necessitam de uma montagem única e completa, de dentro para fora. A isso de dá o nome de complexidade irredutível.

Outro exemplo de mecanismo celular de complexidade irredutível é totalmente químico. Trata-se da fábrica celular de aminoácidos e proteínas. E aí, além da complexidade irredutível de suas funções, há uma pergunta básica: Porque a máquina celular (ou RNA mensageiro, como queiram) desenrola e copia as hélices de DNA e as levas aos ribossomos que traduz as informações e produz aminoácidos e proteínas? Essa organização fabril é inteligente demais em sua concepção (e lembremos que permanece da mesma forma por bilhões de anos, sendo a mesma nos seres humanos e na mais arcaica das bactérias) e não há explicação química da necessidade de tal fato, ou seja, não há qualquer vantagem competitiva ou comparativa entre as moléculas que expliquem a concepção da fábrica celular. 

A recusa à ideia do DI sem conhecê-la e sem oferecer respostas a suas indagações é tão preconceituosa quanto a recusa da evolução pelos religiosos dogmáticos. 

É essencial que assistam ao vídeo para entender os conceitos: https://www.youtube.com/watch?v=NiyJukYwi1Q

A rigor, a meu ver, a aceitação do DI para as bases da vida não invalida de forma nenhuma a teoria evolutiva, já que essa é uma consequência natural posterior à implantação da infraestrutura da vida. Ou seja, a teoria do DI pode nos ajudar a entender o que aconteceu para que existisse a vida, coisa que a evolução passa longe, pois somente explica seu desenvolvimento e variedade.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Pode falar :)