quarta-feira, 30 de julho de 2014

(Pensamentos e Elucubrações): Esse tal de livre arbítrio!

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Tenho dúvidas se existe mesmo esse tal de livre arbítrio. Ponho em xeque a possibilidade de que eu possa fazer o que der na telha e ter, como único freio, as consequências diretas e objetivas dessa atitude. Na verdade, infelizmente (infelizmente, essa é a palavra que mais falo ultimamente), é mais fácil crer no inverso do livre arbítrio. Ou será que é melhor que seja assim?


Acho que somos, isto sim, manipulados para um fim obscuro (não necessariamente ruim, apenas "obscuro"), quem sabe calculado e planejado por alguma entidade ou por um colegiado de entidades (sem nenhum julgamento de quem sejam), tendo unicamente como objetivo uma estabilidade etérea, não a nossa em particular, mas em benefício de um desconhecido fluxo de energias, algo que sequer temos como discutir, tão indefinido quanto a minha atual afirmação de que não há livre arbítrio.

E a coisa funciona assim,  ou seja, apesar de que eu queira agir, ao menos de vez em quando, da forma que me dê mais prazer, na busca desse prazer e em função dele, sou impedido por fatos supervenientes que impedem-me de buscar o que tanto desejo.

Neste exato momento,  aquilo que mais desejo, o que mais anseio, sei que não poderei fazer, e eu sou meu próprio obstáculo, pelo simples medo das penalidades a que sou ou possa ser submetido, talvez não a mim diretamente, talvez naqueles que amo, talvez naqueles que me cercam, vai saber!? Há uma entidade que me aprisiona por dentro, nunca poderei sentir-me liberto dela. Seu poder sobre a minha psique e sobre meu destino é total. Assim, só me resta sucumbir.

Então, não há livre arbítrio. Se devo tão cega satisfação à minha consciência, e por minhas decisões respondo mesmo quando as consequências não tenham, objetivamente, um nexo causal com a atitude original, somente isso ou somente o impulso para agir contra isso já basta para tirar a minha liberdade original.

Talvez, grosso modo e extrapolando a ideia, todos nós humanos perdemos nosso livre arbítrio ao ganharmos a consciência ou a volição. Ao ganharmos a consciência do bem e do mal, ou, pelo menos, a capacidade de atribuir o bem e o mal a algo, perdemos assim o tal do livre arbítrio. Passo a agir segundo uma lógica criado por esse arcabouço de ideias que carrego.

Ou seja, criei um determinismo para mim mesmo. Todos montamos um complexo mundo de situações que serão inevitáveis segundo nossos modelos mentais.

Se alguém conseguisse formatar essa lógica de meu pensamento, esse sistema de ideias que eu mesmo me impus, se alguém conseguir modelá-lo de algum forma, poderá controlar-me, ou poderá, sendo dado os muitos eventos de minha vida, dizer aonde estarei daqui a um, dois ou vinte anos.

Então, nós mesmos nos prendemos em nosso determinismo. É aquilo que vivo repetindo, a citação da Hilda Hilst, "tu não te moves de ti". De fato, nem um passo sequer eu me movo de mim já que não posso tomar qualquer decisão estando fora de mim, olhando-me como um outro ser, tendo alguma certeza de ser apenas um agente ativo, ou seja, minha decisões, se fosse assim, de alguma forma, não teriam que ser vivenciadas por mim mesmo.

Será que é possível tal situação? Em algum momento poderei abstrair-me de mim mesmo, imaginar que não estou sendo ator de meu papel, mas apenas sendo meu roteirista?

Isso embute outras certezas que estão além do que pretendo discutir por esse momento, e mesmo àquilo que me trouxe aqui, que é, basicamente, porque tenho que me submeter ao medo e assim perder meu livre arbítrio?

Mas, aí também teríamos outros panos para muitas mangas!




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