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Lembro-me frequentemente de momentos que não deveria. Momentos que deveriam ter ficado no esquecimento, que deveriam ser apenas algo a ser acessado quando e se desejasse, mas que cai em cima de mim como uma lâmina de guilhotina. A cada lembrança minha cabeça sai rolando pelo chão e meus olhos, como se estivessem na mesma posição original do corpo, a vê deslizando, em desespero.
Lembro-me de você e de outras. De momentos que pensei que nunca poderia esquecer e que esqueci e que me retornam como assombrações, apenas vejo os fantasmas desses momentos, pois vejo através deles. De como você entrou em minha vida. Não sei se a coloquei ou se você se colocou. Talvez ambos.
A única certeza é a inevitabilidade. Seria impossível não acontecer o que aconteceu. Depois que a conheci, selado estava meu destino. Isso prova claramente que nossos destinos estão escritos? Certamente que sim.
Se não, se fosse dono de meu destino, poderia ter fugido de você, ou você de mim, mais para o seu bem que para o meu.
Uma das lembranças que desejo fugir diz-me que essa foi a minha escolha, que eu devo ficar com a minha escolha e deixar a alternativa em paz. Mas, esquece que a alternativa não é cambiante com a escolha feita, ou seja, não se relacionam. Fato que pouco importa a essa lembrança triste, cujo objetivo somente é castigar o que já está destruído, é dar-me o coice depois da queda.
Mas a perdoo, a lembrança. O amor tem dessas coisas, o perdão. É preciso perdoar para se amar, e vice-versa, pois todos nós somos detestáveis, em algum momento (alguns, em todos os momentos). E aqueles que amamos (que sabem disso) são mais ainda. Eu também o sou para aqueles que me amam. E sei que fui perdoado inúmeras vezes, inclusive por essa lembrança. Perdoou-me inúmeras vezes eu sei. Até nessa escolha que ela julga ter sido diretamente preterida, o que não é verdade.
Mesmo assim, perdoou-me, e, para o bem de minha vida, ainda bem. Seria impossível viver com o seu ódio eterno.
Não há como escapar dessas lembranças. Elas são as causas de minhas derrotas, de meus momentos de desistência, de fuga, virtual ou real. Tais lembranças caem em meu rúmens e não querem seguir seu caminho, são enviadas constantemente para minha boca, a fim de serem mordidas, remoídas, mastigadas novamente e novamente.
E a cada retorno estão mais duras e amargas.
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